quarta-feira, 7 de março de 2012

OS TEMPLOS DE MACAU-CHINA

Não há uma lista oficial dos templos de Macau, já que todos os bairros, becos e ruelas têm o seu pequeno altar onde, pelo menos, Tou Tei, o Deus da Terra, da Rua, do Lugar onde as pessoas vivem, é venerado.  Originalmente a construção dos templos pretendia respeitar a orientação ideal requerida pelo fong-soi, uma corrente de pensamento que advoga o equilíbrio entre o homem e a natureza e defende que a decoração e o posicionamento dos objetos tem influência sobre a vida dos homens. A arquitetura de um templo era regida pela simetria, mas a destruição dos pavilhões e sucessivas remodelações acabaram por transformar os templos chineses de Macau no que eles são hoje, uma construção de formas caóticas que tenta manter a harmonia de outros tempos. Antes dos aterros de Macau, que ampliaram substancialmente o tamanho da península, alguns dos mais belos templos encontravam-se perto das águas do rio, como que convidando à contemplação, já que tanto o budismo como taoísmo pedem isolamento e recolhimento. Hoje em dia, há templos que só têm uma divisão, e há templos com seis pavilhões, divididos por pátios interiores a céu aberto para deixar fluir a fumaça do incenso. Até os pátios podem diferir entre si já que alguns estão repletos de plantas de vaso, outros têm tanques com peixes ou tartarugas, e outros ainda estão vazios. Há templos pequenos e outros enormes, tão grandes que conseguem englobar um museu e uma escola. Há templos que sobem encostas repletas de vegetação, mais se assemelhando a um parque, e outros escondidos no meio de ruas, entre o pato lacado e as motas dos habitantes da cidade. Há templos com portões que fecham e abrem seguindo o horário de funcionamento do comércio, e outros que estão sempre abertos às orações dos fiéis. Mas todos honram uma divindade principal, tendo depois vários altares secundários, no mínimo mais dois, dedicados a outros deuses. E todos têm um responsável pelo templo que tem o dever de receber as ofertas dos fiéis e canalizá-las para o bom funcionamento do comércio.

Fotos: Em março/2011    Jomar Lima