quarta-feira, 17 de novembro de 2010

SÃO FÉLIX É RECONHECIDA COMO PATRIMÔNIO CULTURAL BRASILEIRO

São Félix (BA) é reconhecida como Patrimônio Cultural Brasileiro
 
05/11/2010
O tombamento da cidade do Recôncavo Baiano visa proteger elementos e características do sítio urbano que testemunham o processo de ocupação da região e do Brasil

Mais uma cidade testemunha da colonização do país entra no rol dos monumentos protegidos pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan. Nos dias 4 e 5 de novembro, o Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural aprovou, no Rio de Janeiro, a proposta de tombamento do conjunto urbanístico e paisagístico da cidade de São Félix, no interior do Estado da Bahia. 

Quanto aos aspectos urbanos e arquitetônicos, o parecer elaborado pelo Departamento de Patrimônio Material – Depam/Iphan defendeu que, além da trama urbana original se conservar praticamente intacta, pode ser identificada na cidade uma variedade de programas ligados aos usos residenciais, religiosos, administrativos, industriais, de serviços, constituído por casas térreas, sobrados, vilas operárias, igrejas, mercado, fábricas, armazéns, trapiches, entre outros.

Ainda segundo o Depam/Iphan, São Félix ainda preserva uma relação compatível entre a ocupação urbana e a geografia da região. Também é espaço de manifestações culturais, sobretudo religiosas, da população local e mantém uma interação histórica, urbanística e paisagística com a cidade de Cachoeira, situada na outra margem do Rio Paraguaçu. Assim, seu tombamento significa, também, preservar a memória de toda a região.  

O início da cidade e seus valores culturais
São Félix fica na margem direita do Rio Paraguaçu, no Recôncavo Baiano, e faz parte da paisagem da sua cidade-irmã, Cachoeira, já tombada pelo Iphan em 1971. O povoado surgiu durante a expansão da cana-de-açúcar no interior do estado e possui uma história profundamente ligada aos valores culturais baianos. No final do século XVI, em função da expansão do porto de Cachoeira, o povoado de São Félix se estabeleceu como o ponto de partida da Estrada das Minas, importante rota comercial que seguia para Rio de Contas, na Bahia, e para os estados de Minas Gerais e Goiás. 

O desbravamento da área nos primeiros anos do século XVII está ligado à extração e comércio de madeira estabelecido entre os índios Tupinambás e os franceses. Após a ocupação dessas terras e a tomada do monopólio do comércio pelos portugueses, os índios começam a ser escravizados e é iniciada a lavoura da cana-de-açúcar, que se desenvolve com a chegada dos africanos. 

Em função das atividades econômicas ali desenvolvidas, passou a ser conhecida também como local para pouso dos tropeiros, transformando-se em importante centro de importação e exportação de produtos europeus e regionais. No século XVIII foi também ponto de transbordo entre vias terrestres e fluviais e, como freguesia do Senhor Deus Menino de São Félix e Distrito de São Félix, já no século XIX, desempenhou a função de terminal terrestre ligado ao terminal fluvial passando a abrigar uma estrada de ferro.

Foi no século XIX que a cidade atingiu o auge do desenvolvimento econômico a partir da produção de fumo e de uma linha de produção ligada a este produto. São Félix recebeu as fábricas de charutos Suerdieck, Dannemann, Costa Ferreira & Pena, Stender & Cia, Pedro Barreto, Cia A Juventude e Alberto Waldheis. O cultivo do dendê e um forte comércio de estivas, secos e molhados também são fortes produtos na economia e desenvolvimento de São Félix. A cidade é conhecida ainda por ter se destacado durante as lutas e mobilização social para a Independência da Bahia.
 










 

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

LIVRO E VÍDEO SOBRE IRMANDADE DA BOA MORTE SÃO LANÇADOS EM CACHOEIRA



O secretário de Cultura do Estado da Bahia, Márcio Meirelles, representou o Governador do Estado, Jaques Wagner, durante a cerimônia de lançamento do livro e videodocumentário intitulados "Festa da Boa Morte", ocorrido nesta quarta-feira (10), às 15h, na sede da Irmandade da Boa Morte, na cidade histórica de Cachoeira, no Recôncavo baiano.

"É muito bom quando todas as unidades da Secretaria podem trabalhar de forma transversal, apresentando o belíssimo trabalho que é o livro e o videodocumentário sobre esse patrimônio baiano que é a Festa da Boa Morte", disse Márcio Meirelles.

Estiveram presentes ao evento, Lourival Trindade, secretário de Cultura e Turismo de Cachoeira, Frederico Mendonça, diretor-geral do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultura da Bahia (Ipac), Pola Ribeiro, diretor do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (Irdeb), e Ubiratan Castro, diretor-geral da Fundação Pedro Calmon, unidades da Secult, além representantes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), da Câmara de Vereadores e da sociedade do município.

Transmitindo as palavras do governador, o secretário encerrou a solenidade destacando o tombamento da Irmandade da Boa Morte e a garantia de preservação de uma tradição tão importante para a Bahia. A porta-voz da entidade, irmã Joselita, ressaltou apoio do governo estadual à Irmandade e disse que "a cultura está tendo o reconhecimento que merece".
Salvaguarda
"Estamos felizes que essa gestão olhou para o interior do estado, valorizando a cultura de toda a Bahia", disse Lourival Trindade, secretário de Cultura e Turismo de Cachoeira. Após o lançamento, os presentes saíram em caminhada até a sede do Ipac em Cachoeira, onde participaram da abertura de uma exposição fotográfica sobre a Irmandade da Boa Morte.

Nos últimos quatro anos, a Bahia se destacou como referência nacional por trabalhos que visam a salvaguarda dos seus patrimônios imateriais. Nesta quinta-feira (11), às 10h, em Maragogipe, também no Recôncavo baiano, a Secretaria de Cultura do Estado (Secult), por intermédio do Ipac, promove o lançamento de um vídeo sobre o Carnaval de Maragogipe, festa centenária reconhecida pelo Governo do Estado da Bahia como Patrimônio Imaterial, em fevereiro de 2009.
Ascom/Secult




terça-feira, 9 de novembro de 2010


 
                                                            

Jomar Lima da Conceição(1)
                                            
O presente trabalho enfoca as lápides tumulares da Igreja da Ordem 3ª do Carmo da Cidade da Cachoeira, no contexto de representações da morte que sempre estiveram presentes desde a expansão colonial portuguesa que perpetuam a tradição européia medieval de transformar cemitérios em locais de reflexão e catequese, um aparente contraste entre a vida e a morte. Nas lapides tumulares da Igreja da Ordem 3ª do Carmo da Cidade da Cachoeira, encontramos pinturas em estilo rococó, as quais mostram temas iconográficos associados a inscrições em latim – “ ITA DESIDERAT ANIMAE MEAM ACHE DEUS”   Tradução em português: “Assim deseja a minha alma, ò meu Deus” (Lapide nº 01, lado direito do ossuário – Igreja do Carmo). Por isso, as vinte e nove lápides tumulares do século XVIII da Igreja da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte do Carmo da cidade de Cachoeira de um autor desconhecido, constituem-se em espécies únicas em toda Bahia e possivelmente no Brasil. A importância das lápides tumulares é atribuída ao seu valor histórico, patrimonial, e, principalmente por formarem um conjunto cujas imagens ilustram de uma forma barroca características funerárias do homem Cachoeirano do século XVIII.




[1] Graduando do Curso de Museologia – Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB.
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OBS: Será emitido Certificado de participação (UFRB)

INSCRIÇÃO PELO EMAIL: jomarlim@hotmail.com

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Conselho da Hansen Bahia
A Fundação e Museu Hansen Bahia, entidade cultural de direito privado com sede na cidade de Cachoeira, região do Recôncavo baiano, e que tem o nome do artista alemão Karl Heinz Hansen (1915–1978), deve ganhar até o mês de dezembro (2010) novo modelo de gestão e auto-sustentabilidade.
Desde a sua criação, na década de 1970, que a fundação se propõe a divulgar e promover as 13 mil peças do acervo do artista e da sua esposa Hilse Hansen, mas nesse período suas ações vinham tendo recursos dos poderes públicos estadual e federal como única fonte de sustento. De acordo com o secretário de Cultura da Bahia (SecultBA) e atual presidente do Conselho da Fundação Hansen, Márcio Meirelles, a gestão e a sustentabilidade de fundações, museus e instituições culturais em todo o mundo, inclusive no Brasil, dispõem de atuação mais vasta e complexa que garantem manutenção, sobrevida e permanência dessas entidades, sem depender exclusivamente dos poderes públicos.
“Um dos exemplos no Brasil é a fundação gaúcha privada Iberê Camargo criada em 1995 que promove mostras, oficinas, cursos, seminários, encontros e estudos da arte contemporânea em todo o país com parcerias de empresas como Gerdau, Banco Itaú, Camargo Corrêa e IBM”, cita. O secretário destaca que essa fundação também conta com recursos e leis de incentivo à Cultura dos poderes públicos, mas busca administração mais arrojada e inserida no mercado artístico e cultural nacional e local.
Outro exemplo brasileiro de entidade cultural privada que não se respalda só em recursos públicos é o Instituto Tomie Ohtake. Inaugurada em 2001, a entidade dispõe de dois prédios na cidade de São Paulo, um centro de convenções e um centro cultural unidos por um grande hall de serviços, todos construídos somente com recursos privados. Goethe Institut, Visa, HP e o banco alemão Deutsche Bank são alguns dos principais parceiros desse espaço paulistano. O secretário lembra que se o Tomie Ohtake, cujo nome homenageia artista nipo-brasileira, consegue apoio financeiro de um banco alemão, imagine a fundação de um artista germânico que escolheu o Brasil para morar. Em todo o mundo, entidades culturais conseguem auto-sustentabilidade com recursos do setor privado – que descontam seus impostos através das leis de incentivo fiscal -, assim como, de promoções próprias, como venda de ingressos, seminários e cursos, comercialização de produtos, entre outras estratégias conhecidas da Economia da Cultura.
A expectativa do Conselho é que a Fundação Hansen Bahia, criada há 32 anos, já tenha nova proposta de gestão até dezembro deste ano (2010) para se encontrar definitivamente no século 21 com sua inserção efetiva no mercado artístico-cultural do nosso país e outros continentes.
Um novo conselho foi empossado dia 25 de setembro, visando buscar novo perfil conceitual e executivo para a Fundação. Ele reúne pessoas de diferentes áreas de atuação comprometidas com a missão de tornar a Fundação Hansen Bahia em referência nacional e internacional, sem perder de vistas as relações regionais. Dentre os conselheiros está o reitor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Paulo Gabriel Nacif, que empreende esforços para modernizar a Hansen Bahia. “O nosso interesse é que a transição conte com o apoio da universidade, mas a Fundação terá que administrar a sua auto-sustentabilidade no futuro”, esclarece Nacif. A UFRB criou comissão técnica formada por professores e cedeu um gestor especializado - aprovados pelo conselho da Hansen Bahia - que terão a tarefa de criar e apresentar o novo sistema de gestão.
A SecultBA também investe em instituições de caráter privado. Só neste ano, o Fundo de Cultura investirá R$ 1,5 milhão para museus, arquivos, teatros e centros culturais. A Bahia é o único estado brasileiro que tem programa de apoio a instituições privadas com ações continuadas. Outras informações através dos sites www.ipac.ba.gov.br e www.cultura.ba.gov.br, ou na Hansen Bahia: (75) 3438-3442 e endereço eletrônicohansenbahia@uol.com.br. Confira os integrantes do atual Conselho da Fundação Hansen Bahia:
CONSELHO

1.     Secretário de cultura do estado da Bahia
2.     Diretora geral da Fundação Cultural do estado da Bahia - FUNCEB
3.     Diretor Geral do IPAC
4.     PREFEITO DE CACHOEIRA
5.     PREFEITO DE SÃO FÉLIX
6.     INSTITUTO GOETHE / ICBA
7.     ESCOLA DE BELAS ARTES / UFBA
8.     FÁBIO COSTA PINTO
9.     PEDRO COSTA PINTO
10.   PAULO NACIF - REITOR UFRB
11.   JOSÉ AUGUSTO COSTA
12.   JOMAR LIMA
13.   NAYSON QUEIROZ
14.   ARY DA MATA E SOUZA
15.   MARIO JORGE DE FREITAS GORDILHO
16.   JOÃO SILVA
17.   CLÁUDIO MANOEL DUARTE
18.   CYNTIA NOGUEIRA
19.   ALEJANDRA MUÑOZ
20.   AYRSON HERÁCLITO
21.   LUIZ ALBERTO RIBEIRO
22.   DAVI CASAES
Assessoria de Comunicação – IPAC – em 19.10.2010
Jornalista responsável Geraldo Moniz (1498-MTBa)


Cachoeira prepara homenagem à Boa Morte




Lançamentos de DVD e livro sobre a Festa da Boa Morte, fazem homenagem à Irmandade sob promoção do Governo da Bahia, através da Secretaria de Cultura do Estado, FPC e IPAC, com colaboração da Universidade Federal do Recôncavo, prefeituras municipais de Cachoeira e São Félix

Cerca de 20 pessoas, entre pedreiros, marceneiros, carpinteiros, eletricistas, montadores e auxiliares trabalham até terça-feira (09) na sede regional do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC), em Cachoeira, a 110 km de Salvador, preparando o espaço para os lançamentos de um documentário em DVD e um livro inédito sobre a Festa da Boa Morte. O sobrado de dois andares do IPAC, localizado na Rua 25 de junho em Cachoeira – cidade tombada como Patrimônio Nacional – receberá exposição fotográfica e de bonecões das festas populares de São Félix, exibição de vídeodocumentário e lançamento do livro composto por artigos inéditos, estudos histórico-antropológicos, entrevistas, iconografias, bibliografias e fotografias.

O lançamento que acontece próxima quarta-feira, dia 10 (novembro, 2010), às 14 horas, nessa sede do IPAC, contará com presença do governador Jaques Wagner, acompanhado por secretários estaduais, prefeitos, vereadores, deputados da região, professores, alunos da UFRB e população local. Ao final da festa acontece apresentação especial do Grupo Samba de Roda Suerdieck. A iniciativa é da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA), através do IPAC e Fundação Pedro Calmon (FPC), com colaboração da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e Prefeitura Municipal de Cachoeira.

O livro e DVD integram parceria entre FPC e IPAC, ambos órgãos da SecultBA que estão realizando série de publicações de parte das pesquisas e dossiês que possibilitam os registro oficiais de manifestações culturais como Patrimônios Imateriais da Bahia. “De 2007 a 2010 já foram reconhecidas como Patrimônios Imateriais da Bahia, a Festa da Boa Morte em Cachoeira, o Carnaval de Maragojipe nesta cidade e a Festa de Santa Bárbara em Salvador”, diz o diretor geral do IPAC, Frederico Mendonça. A previsão é que até dezembro (2010), o IPAC termine a pesquisa sobre Desfile dos Afoxés, e em 2011, estudos sobre Ofício dos Vaqueiros, Ofício dos Mestres Organistas e Festa do Bembé em Santo Amaro.

“Todas devem ganhar livro com textos inéditos e documentário em DVD como forma de guardar a memória e difundir essas expressivas e importantes manifestações culturais”, explica o gerente de Pesquisa e Legislação do IPAC (Gepel), Mateus Torres, coordenador-geral da iniciativa. Com média de 120 páginas, os livros reúnem parte das pesquisas que o IPAC realiza com historiadores, sociólogos, museólogos, antropólogos, fotógrafos, arquitetos e outros técnicos. Com artigos inéditos, o livro apresenta estudos histórico-antropológicos, entrevistas, iconografias, bibliografias e fotografias, fortalecendo a relevância cultural e mística das manifestações, estimulando o turismo, o diálogo local, nacional e internacional sobre essas temáticas.

200 ANOS - A Festa da Boa Morte foi oficializada como Patrimônio Imaterial da Bahia no dia 25 de junho deste ano (2010). O decreto foi assinado pelo governador da Bahia, Jacques Wagner, durante sessão especial na Câmara de Vereadores de Cachoeira. A cerimônia fez parte das comemorações pela transferência do Governo do Estado para a cidade, que já acontece há três anos.  A festa da Boa Morte, que acontece desde 1820, sempre em agosto, mistura elementos do catolicismo e do candomblé e é considerada uma das mais importantes manifestações culturais da Bahia. A Festa foi incluída no Livro de Registro Especial de Eventos e Celebrações. O reconhecimento é uma salvaguarda à manifestação cultural afro católica, que passa a ter a proteção e o incentivo do Estado e da sociedade civil organizada, possibilitando ainda que tenha prioridade nas linhas de financiamentos culturais municipais, estaduais, federais e até internacionais. A irmandade religiosa de Nossa Senhora da Boa Morte existe em Cachoeira (BA) há mais de 200 anos, desde início do século 19 e é formada, historicamente, por mulheres negras e mestiças. A irmandade buscava resgatar mulheres negras da escravidão, pagando cartas de alforria, oferecendo proteção e facilitando fuga de escravos para quilombos. As pesquisas do IPAC garantem que já em 1820 a irmandade estava na cidade de Cachoeira, vinda de Salvador, fugindo do general Madeira de Mello que perseguia irmandades negras na capital.

Texto enviado pela Assessoria de Comunicação – IPAC – em 06.11.2010
Jornalista responsável Geraldo Moniz (1498-MTBa)